domingo, 17 de janeiro de 2010

Organização mental em tons de amarelo e azul!

Acho que qualquer pessoa que goste de organização e de potenciar espaços de forma ordeira, gosta de visitar o Ikea. Eu admito: sou uma fã incondicional! Até já estive para lhes escrever para eles mandarem uma equipa a nossa casa para fazerem um estudo e me ajudarem a potenciar os nossos espaços. Ou isso, ou deixo a chave nas mãos do meu Pai, dou-lhe carta branca para organizar como entender e quando chegar a casa não encontro metade das nossas coisas.; PMas adiante.
Por que motivo falei eu dos azuis e amarelos?
Porque no outro dia, estava a conversar com uma grande amiga minha sobre a nossa condição de mães, mulheres, profissionais, irmãs, filhas, amigas, etc., etc., etc. e a melhor analogia que encontrei foi o estilo organizacional Ikea: gavetas e interruptores.
Para que o tempo não seja desperdiçado e não haja amargos de pensamento, temos de pensar em nós como detentores de um grande interruptor que, para efeitos visuais práticos, colocarei no meio da barriga. Nele há várias fases do nosso ciclo de funcionamento: mãe, esposa, profissional, cozinheira, dona de casa, filha, irmã, neta, amiga, madrinha, afilhada, colega, companheira, mulher e afins – as categorias são pessoais e intransmissíveis, pelo que compete a cada um decidir quais os rótulos a usar. Assim, que rodamos o interruptor num sentido, temos de ser apenas e só o que ele indicar. E não podemos pensar em nenhuma outra fase. Por exemplo: se estamos a trabalhar, estamos mesmo a trabalhar e não a pensar que hoje apeteceria era estar na cama, a tomar um chocolate quentinho enquanto a chuva cai lá fora; se estamos a brincar com os nossos filhos, estamos mesmo a brincar com os nossos filhos e não a pensar no trabalho que ficou por fazer e nas chatices que aí vêm amanhã. Imaginem só se a vossa máquina de lavar a roupa, a meio da lavagem desatasse a preparar a centrifugação ou vice-versa; eu sei que estamos em época de saldos, mas coitadinhos dos trapinhos que lá estivessem dentro, não?
É tudo uma questão organizacional.
Claro que pratico este modelo diariamente, agora com mais sucesso do que outrora, mas ainda com algumas falhas a superar. Mas desde que ele entrou na minha vida (e mesmo quando eu me permito um dia mais caótico com sobreposições de fases – faz parte da condição humana) usufruo mais de cada momento e dou por mim a ter mais rendimento: os miúdos apreciam que estejamos de rastos com eles, sem pensar que a carpete vai deixar pêlos nas calças; e o trabalho flui melhor e rende mais, mesmo que agora só me dedique a ele 2 horas quando dantes tinha 4 – exactamente porque as 2 de agora são de exclusividade enquanto as 4 de outrora não seriam.
E quanto às gavetas? Essas uso para a parte emocional.
A família, obviamente, está acima de tudo e todos e nem sequer seria concebível que fosse de outra forma. Mas falo das outras emoções: o amigo que tem um problema; a amiga que não pareceu bem; a conversa estranha daqueles amigos que me pareceram algo agressivos um com o outro; a conversa sobre as coisas dos miúdos na escolinha; e todos os outros ‘pensares’ que nos invadem e, muitas vezes, ficam incompletos assaltando-nos em alturas de maior desprendimento mental, como o duche ou a espera na fila de trânsito. Todos esses pendentes, eu coloco em gavetas que organizo quanto à natureza. E lá volto a eles de quando em vez se acho que vale a pena ponderar mais ou pura e simplesmente quando necessito de rever algo. Este sistema também é bom para lições aprendidas e para temas que em nós suscitem algum tipo de ansiedade por antecipação.
Parece muito rígido?
Muito preso?
Pouco flexível?
Talvez sim, à primeira vista; mas na verdade, não é. Aliás, se fosse, eu não o conseguiria aplicar, dada a minha natureza ciclónica. É só uma questão de disciplina que eu senti necessidade de resolver aquando de uma mudança de vida e que tenho vindo a aprimorar, dado o seu sucesso.
Não quero com isto dizer que passo a vida a categorizar todos os momentos; nada disso! Também permito imenso espaço à espontaneidade e deixo margem para os imprevistos. Mas sinto-me confortável e mais em controlo por assim me conceber.
Pelo menos uma vantagem é partilhada pela vida pessoal, familiar e profissional: tenho poucos pendentes. Detenho os inevitáveis e que, por norma, não dependem só de mim. Mas sou uma pessoa com um bom sentido de encerramento – algo que sempre tive profissionalmente, mas que só há pouco tempo e só com a orientação de uma certa senhora especial, consigo transpor para o campo pessoal.Essa senhora de quem falo é que é perita em aplicar este modelo que descrevi há anos e sempre com um sorriso e muita, muita, muita calma para tudo e todos. Nem eu sei como ela consegue! Mas sabes, Mãe, só me falta mesmo trabalhar mais a calma. E, quem sabe, um dia chego ao teu nível – fica prometido.
Portanto, mesmo quando me achas acelerada, relaxa: parece sempre pior do que é. E olha que a essência até é a correcta!; )

2 comentários:

  1. Sei a que se refere. É uma excelente forma de evitar curto-circuitos! Obrigado pela ajuda que deu à sua amiga!

    ResponderEliminar
  2. Entre amigos os 'obrigada' e os 'desculpa' são desnecessários! ; )

    ResponderEliminar